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O caminho do diagnóstico em lesões da coluna vertebral

A importância de exames complementares no pré-operatório para a eleição do procedimento cirúrgico mais apropriado a cada caso

Há cerca de dez anos, eu e alguns colegas publicamos uma pesquisa onde investigamos um caso cirúrgico de um raro tumor na medula espinhal — hemangioblastoma espinhal extra e intradural — desde o diagnóstico, tratamento cirúrgico e acompanhamento pós-cirúrgico, no decorrer de um ano. Além de discutir a situação sob a ótica de nossa própria expertise, comparamos também com a literatura científica, de casos similares, para identificar dificuldades e oportunidades de tornar os diagnósticos mais seguros.

Os tumores são crescimentos anormais de células em algum ponto do corpo. Os hemangioblastomas surgem das células do sangue e no geral são benignos. No caso que analisamos, o tumor havia se desenvolvido na coluna vertebral, dentro e ao redor de camadas que envolvem a medula espinhal, o que é raríssimo de acontecer e também de diagnosticar. 

A investigação pré-operatória para o paciente em questão incluiu exames físicos, tomografia computadorizada, ressonância magnética e deram a entender que tratava-se de um tumor Schwannoma espinhal, que é um tipo mais comum a afetar a coluna vertebral. Assim, a abordagem eleita para a cirurgia pela então equipe do caso foi ressecção com abertura posterior (pelas costas). 

Devido às características de alta vascularização do hemangioblastoma, sua localização na coluna e o acesso dos médicos em relação à posição corporal, a manobra não permitiu retirar totalmente a parte extradural do tumor e lesionou uma artéria vertebral. Apesar disso, após quatro meses o paciente estava totalmente assintomático, bem e assim permaneceu pelo ano em que foi acompanhado.

O faro investigativo que todo médico deve ter

A intervenção cirúrgica de tumores benignos acontece somente quando ocorre lesão e comprometimento das estruturas nervosas. O objetivo será retirar o tumor e preservar ao máximo os tecidos próximos e a funcionalidade da área afetada. O método é determinado de acordo com o tumor (sua localização, características e riscos), por isso é essencial que os exames digam ao médico o que ele vai enfrentar.

Neste caso, o paciente teve recomendação cirúrgica, porém a equipe não tinha a informação correta do tumor que iria operar e escolheu a abordagem que entendeu ser melhor para outra doença. Para o hemangioblastoma em questão, mas entendemos que uma abordagem lateral poderia ter sido mais apropriada e segura.

Apesar da raridade de tumores como este, é sempre importante realizar os exames pré-operatórios complementares, como angiografia e histopatologia, para afastar ou confirmar possibilidades e embasar corretamente a equipe para uma abordagem mais adequada. 

Esse estudo de caso foi documentado no periódico Coluna/Columna, do Scielo, com o título  Hemangioblastoma espinhal extra e intradural, que você acessa neste link.

Por Redação
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Dr. Marcelo Amato - CRM: 116.579 Médico e Neurocirurgião pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP); Doutor em Neurocirurgia (Clínica Cirúrgica) pela Universidade de São Paulo (FMRP-USP), orientado pelo Prof. Dr. Benedicto Oscar Colli; Especialista em Neurocirurgia pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) e pela Associação Médica Brasileira (AMB); Especialista em Cirurgia de Coluna pela Sociedade Brasileira de Coluna (SBC) e Associação Médica Brasileira (AMB); Linha de Pesquisa em Cirurgia Endoscópica da Coluna desde 2013 pela FMRP-USP com diversos artigos e livros publicados nacional e internacionalmente; elaboração de aulas e cursos nacionais e internacionais sobre Endoscopia de Coluna, e realização de consultorias em todo território nacional; Neurocirurgião referência do Hospital de Força Aérea de São Paulo (HFASP); Diretor do Amato - Hospital Dia

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