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“Não gosto de lembrar da dor que passei, foi um período tão intenso e difícil, que ainda me faz chorar”, ouço da voz embargada do outro lado do telefone. Com calma, seguimos a conversa para entender um pouco do que é a dor de quem sofre com um nervo comprimido por uma hérnia de disco.

No auge dos seus 55 anos, Darcy Delfino fecha os olhos para tentar “ouvir” o seu corpo. O coração estremece ao lembrar de algo estranho que lhe acompanha desde agosto de 2020: “uma sensação de formigamento nos pés, dor em ambas as pernas, mas um pouco mais acentuada na direita”. O medo percorre sua mente. Será alguma sequela posterior à covid-19, que tive em meados de julho? Fala-se muito sobre trombos que a doença pode desencadear, talvez isso estivesse causando aqueles sintomas” – Lembra de ter pensado. 

Darcy se apega à sua fé e decide: começará uma investigação médica o quanto antes.

Em setembro de 2020, os noticiários informavam a triste estatística de que, naquele mês, o mundo ultrapassou a marca de 1 milhão de mortos pela covid-19. Darcy observou o programa em sua televisão e sentiu o peito apertar. “Como funcionária de saúde há 32 anos, no Hospital das Clínicas da cidade de Ribeirão Preto, o cuidado era redobrado constantemente, mas nem assim foi possível escapar”. Sente que teve sorte ao desenvolver a forma não tão grave da doença.

Em sua decisão de investigar os sintomas, visitou colegas médicos, ortopedistas, radiologistas e descobriu que uma hérnia de disco na região lombar de L5/S1, da sua coluna vertebral, comprimia o nervo ciático. 

A notícia a levou a uma dupla sensação: de alívio, por saber o que interferia na sua saúde e por afastar as possibilidades de sequelas tardias da covid-19; mas também a um medo inevitável deste desconhecido, pois nunca teve problema de coluna e pensar em uma cirurgia bem no meio de uma pandemia assustava um pouco…

Mas Darcy e os médicos colocaram um plano em andamento: marcaram uma cirurgia emergencial de coluna para 18 de setembro e ela passaria a tomar medicamentos para controlar a dor, enquanto o dia não chegava.

E como aquele provérbio que diz que Deus ri enquanto o homem faz planos, a cirurgia de Darcy teve que ser adiada. “Foi uma pena, mas os analgésitos e anti-inflamatórios estavam fazendo um bom efeito, então fiquei tranquila ao ponto de sair de férias em outubro”. O Rio de Janeiro é um lugar maravilhoso para estar com a família, curtir a paisagem e relaxar nas águas milagrosas de uma bela praia. Darcy aproveitou aqueles dias com toda a intensidade que merecia, como se precisasse sentir a vida antes do pior que – ela ainda não sabia – estava por vir.

Um mundo virado ao avesso

No começo de novembro, já de volta ao trabalho, o exame de ressonância magnética era claro: “meu nervo estava tão comprimido pela hérnia que ficou fino como um papel. O canal medular estava livre, isso foi muito bom, mas o nervo foi muito danificado”.

Saber disso e a falta de uma previsão para remarcar a cirurgia trouxe muita angústia à Darcy. Afinal, “a dor se intensificava a cada dia e os medicamentos não estavam ajudando mais como antes. Quando percebi, não conseguia mais ficar de pé e vi minha vida mudar drasticamente”, relembra.

Como do dia para a noite, Darcy não caminhava mais e não fazia atividades físicas. Sua típica alegria e sorriso abriram espaço para muitas lágrimas e gritos de dor. “Não tinha forças para ficar de pé e as dores estavam tão insuportáveis que jamais pude imaginar que algo assim fosse possível, nem mesmo quando tive meus dois filhos de parto normal”, reflete. 

Viu-se em uma situação de tomar medicamentos tão fortes, como morfina, e ainda assim não conseguir se livrar da dor. “Eu tomei diversos remédios. Um deles, inclusive, mexia com o meu sistema nervoso, passei a ouvir um barulho como de serra elétrica dentro da minha cabeça. O médico disse que era um dos efeitos colaterais, mas ainda assim segui com ele – e com o barulho – por cerca de 20 dias”.

O sono foi reduzido a duas horas por noite… Justo quando mais se quer “apagar”, desligar em profundidade para não ter mais que sentir aquilo. “Em casa tomei também medicamentos na veia, que o hospital preparava, a cada 12 horas. Nem minha filha conseguiu me ajudar nessa hora, por se sensibilizar de ver a mãe em um estado tão deplorável”.

Certo dia, Darcy olhou no espelho e viu que o corpo, costumeiramente esguio, tinha ficado menor. Assim como seu rosto. Foram 4,5 quilos perdidos, ela viria a saber. Passou a mão pela face, observou o olhar cansado de chorar e se perguntou se havia sentido em continuar aquela vida. “Não é possível descrever em palavras o quanto a dor de um nervo pode afetar alguém. Não é algo que qualquer pessoa deva passar em hipótese alguma”, pensou.

Do lado de fora, os idosos caminhavam tranquilamente pelas ruas. Os pássaros brincavam na folhagem das árvores e voavam contentes pelo céu azul de primavera. Em um instante, ao olhar aquela paisagem, a tristeza por não poder caminhar e o cenário de estar presa atrás das grades da sua janela, querendo estar nos céus com aquelas aves, a fez chorar mais.

Então Darcy reuniu alguma força e colocou no celular o canto deles para se distrair. Seu telefone emitia o som, os pássaros repetiam e assim se seguiu por um tempo. Canário e Coleirinho / Papa-Capim eram os novos amigos que vieram saudá-la.

Nova luz no fim do túnel 

Foram 28 dias de cama e, no esgotar do seu limite, Darcy decidiu que algo mais precisava ser feito, não podia mais esperar a tal cirurgia. “Então os médicos sugeriram falar com o Dr. Marcelo Amato, que era especialista nesse tipo de situação. Eles tinham trabalhado juntos por um tempo e realmente vi que surgiu uma nova esperança”.

Darcy ligou para o consultório em 28 de novembro. Dia 02 de dezembro foi submetida à Cirurgia Endoscópica da Coluna. 

“O Dr. Marcelo olhou os exames, confirmou o diagnóstico e me explicou as possibilidades de tratamento. Naquela altura eu já não ligava para sequelas ou para o que quer que fosse, o que ele decidisse, desde que tirasse aquela dor de mim, eu faria. Quando acordei da cirurgia, totalmente sem dor, tive medo de pôr os pés no chão. Mas quando fiz isso chorei de alegria, eu simplesmente não acreditava que já estava sem dor”.

O pós-operatório foi tranquilo, Darcy recebeu ajuda dos filhos para que não se abaixasse ou fizesse força. No dia a dia percebeu que, eventualmente, experimenta “um pouco de desconforto se preciso fazer algum esforço, mas apenas isso: um pequeno desconforto, nada comparado à dor que senti antes”.

A pequena cicatriz, cuidada apenas com água, sabão e curativo simples, estava lá para lembrar Darcy do que passou e superou. No rancho da mãe, de volta a alegria de estar em paz, se arrisca e dança um pouco das músicas que gosta. O sorriso contido no canto dos lábios certamente revela o alívio de dar aqueles passos, algo que pensou que jamais faria de novo.

“Por alguma razão, talvez esse era o plano de Deus: operar com o Dr. Marcelo Amato, no Hospital Dia, enquanto eu achava que conseguiria operar no HC e Ribeirão”. Mas tudo acontece por um motivo.

“Desde o primeiro telefonema para o consultório do Dr. Marcelo Amato eu só tenho a agradecer. Fui tratada com muito respeito, profissionalismo, humanidade… Sei que tive muita sorte de ter condições de fazer este tratamento e sou grata. Mas lamento por aqueles que não podem. Eu brinco que, se um dia tiver condições, gostaria de ajudar alguém que passa pelo que eu passei, porque ninguém merece algo assim”, finaliza emocionada.

*Darcy Delfino Luiz tem 55 anos, trabalha na área de saúde em Ribeirão Preto (SP) e concordou livremente em compartilhar sua experiência. 

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“Relatos” é uma série de entrevistas onde pacientes compartilham sua experiência com patologias da coluna, desde a descoberta até a solução. O objetivo é criar uma rede de apoio humanizada e informativa para auxiliar quem se identifica e se encontra nas mesmas condições, para que possam ter esperança e buscar ajuda especializada.

Dr. Marcelo Amato - CRM: 116.579
Dr. Marcelo Amato - CRM: 116.579
Médico e Neurocirurgião pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP); Doutor em Neurocirurgia (Clínica Cirúrgica) pela Universidade de São Paulo (FMRP-USP), orientado pelo Prof. Dr. Benedicto Oscar Colli; Especialista em Neurocirurgia pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) e pela Associação Médica Brasileira (AMB); Especialista em Cirurgia de Coluna pela Sociedade Brasileira de Coluna (SBC) e Associação Médica Brasileira (AMB); Linha de Pesquisa em Cirurgia Endoscópica da Coluna desde 2013 pela FMRP-USP com diversos artigos e livros publicados nacional e internacionalmente; elaboração de aulas e cursos nacionais e internacionais sobre Endoscopia de Coluna, e realização de consultorias em todo território nacional ; Neurocirurgião referência do Hospital de Força Aérea de São Paulo (HFASP); Diretor do Amato - Hospital Dia;

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