Estudo analisa a exposição de equipes médicas à radiação durante neurocirurgia

Foram comparados dois tipos de cirurgia de coluna e o tempo de exposição das equipes

Com o avanço da medicina, procedimentos que antes eram realizados de forma mais invasiva, com grande abertura do paciente para que o médico enxergasse o que iria operar, deram espaço a cirurgias minimamente invasivas. Estas, por sua vez, não requerem abertura total, basta uma pequena incisão onde o especialista acessa o local a operar, guiado por imagens de alta resolução. 

Um dos equipamentos que auxilia a neurocirurgia nas imagens em tempo real é o arco cirúrgico, que realiza a fluoroscopia: sistema com radiação, que permite visualizar imagens de raio-x contínuas das mudanças no corpo do paciente ainda durante o procedimento. Logo, quanto maior o tempo da cirurgia que necessita da fluoroscopia, maior a exposição das equipes à radiação.

A Discectomia Lombar Endoscópica Percutânea (DLEP) é uma cirurgia comumente realizada para retirada da hérnia de disco na coluna vertebral e depende muito da orientação fluoroscópica. Em 2018, eu e colegas neurocirurgiões analisamos o tempo de radiação a que a equipe é exposta durante dois tipos dessa cirurgia — transforaminal e interlaminar — apresentamos no XXXII Congresso Brasileiro de Neurocirurgia e recebemos prêmio de melhor trabalho apresentado.

Levantamento e considerações

Analisamos uma retrospectiva de 20 procedimentos DPEL que já havíamos realizado, separados em dois grupos: o primeiro de pacientes submetidos ao acesso interlaminar, com seis pessoas, sendo uma mulher e cinco homens; e o segundo com pacientes submetidos ao acesso transforaminal, com 14 pessoas, sendo seis mulheres e oito homens. 

Comparamos as informações dos relatórios de fluoroscopia que foram obtidos dos registros dos pacientes, todos no mesmo arco cirúrgico e modo de software.

Os resultados mostraram que o tempo de exposição à radiação é menor na Discectomia Lombar Endoscópica Percutânea com acesso interlaminar do que no acesso transforaminal.

Dessa forma, os estudos que tratam da radiação necessária para cirurgias minimamente invasivas da coluna devem considerar não apenas que se trata de uma PELD, por exemplo, mas também levar em conta os diferentes tipos de abordagens e as especificidades de cada uma. 

Somente desse modo o neurocirurgião e sua equipe podem se proteger adequadamente, de acordo com a recomendação correta para cada cirurgia, e também garantir maior segurança aos seus pacientes

Esse estudo de caso foi documentado no periódico Thieme, com o título Exposição à radiação durante discectomia lombar endoscópica percutânea: interlaminar versus transforaminal, que você acessa neste link.